Cânhamo é Maconha?
Sim! O EN cânhamo é uma variação da espécie Cannabis Sativa L. que se diferencia por ter baixo teor de canabinóides psicoativos (THC) e uma estrutura rica em fibras que pode ter diversas funcionalidades podendo ser até mesmo grande aliada da indústria.
A resistência e versatilidade da fibra de cânhamo não são uma novidade, a ganja foi uma das primeiras plantas a ser domesticada por nós humanos, e sua existência caminha com a humanidade há pelo menos 10 mil anos. Pra você ter uma idéia, as caravelas que chegaram aqui em 1500 através dos colonizadores, tinham velas de cânhamo. A constituição dos Estados Unidos, também foi escrita em folha de cânhamo.
Da EN construção civil à regeneração do solo, existem inúmeros impactos positivos que podem ser gerados através da nossa amada plantinha e que podem mudar o curso da indústria e consequentemente do planeta!
O que será que é possível produzir com Hemp?
Podemos dizer que o cânhamo é uma das matérias primas mais versáteis que existem, nossa plantinha é mágica em todas as suas formas: sua fibra pode ser refilada e se transformar em tecidos super duráveis, cordas resistentes, tapeçarias, argamassa, adubo, e até maquiagem. Sua semente é considerada um superalimento, que produz um ótimo leite vegetal e o óleo das sementes contém alto valor nutricional e baixa comodegenia, o que o torna um grande aliado para o setor alimentício e cosmético. Múltiplas funções, né? E não para por aí!
Bioplástico feito de Maconha?
O plástico tradicional demora cerca de 450 anos para se decompor e foi criado em 1862, ou seja, praticamente quase nenhum plástico até hoje foi decomposto, as taxas de reciclagem ainda são baixíssimas e estima-se que 5,25 trilhões de partículas de plástico estão nesse exato momento flutuando no oceano. Especialistas apontam que até 2050 o mar terá mais plástico do que peixes.
Estamos literalmente afundando em meio a ilhas de plástico, em uma conta que não fecha. Mas quando entendemos que tudo que é feito de plástico poderia ser feito de maconha a visão começa a se ampliar: imagine um bioplástico sustentável, que impacta menos em sua escala de produção e consegue ser decomposto em até 6 meses?
E o melhor, esse bioplástico é feito através da celulose do cânhamo, cujo material é extraído principalmente das folhas e galhos das plantas descartados, num ciclo sustentável que promove impacto positivo de ponta a ponta: ele é mais maleável e durável que o plástico comum, o cultivo do cânhamo ajuda a absorver carbono e regenera o solo e diferente do plástico comum, o de cânhamo é livre de toxinas.
Pode parecer loucura pensar no cânhamo como uma alternativa para construir quase tudo, mas até Henry Ford chegou a construir um carro feito de fibra de cânhamo lá em 1940, ou seja, o mundo da indústria sempre soube das vantagens do cânhamo, mas o proibicionismo vinculado aos interesse da indústria impediram as pesquisas de progredir por muitos anos. Hoje a ciência tem dado cada vez mais destaque para o cânhamo, mas será que esse impacto positivo pode ser ainda maior?
Indústria têxtil e o cânhamo:
A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, estima-se que 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados nos últimos anos. Tanto o descarte de roupas nos oceanos como o processo de produção dos tecidos, gera um impacto gigantesco. O algodão ainda é uma das matérias primas mais utilizadas pela indústria da moda, seu cultivo chega a ser responsável por cerca de 10% dos agrotóxicos utilizados aqui no Brasil.
Infelizmente, EN nós somos o país campeão no uso de pesticidas agrícolas, então você consegue imaginar o quanto isso gera impacto no solo, ar e água, mas como o cânhamo pode ser positivo para o planeta? Para produzir uma camiseta de algodão, são necessários 2.720 litros de água. Uma pessoa usaria para beber essa quantidade de água em 3 anos! Enquanto isso o cânhamo exige 4x menos água e no mesmo perímetro onde se plantaria algodão, é possível plantar o dobro de Hemp! Com tantas possibilidades e recursos sustentáveis para uma única planta, fica a pergunta:
Por que a indústria não usa cânhamo?
Os parâmetros globais de permissão do cultivo do cânhamo ainda estão mais próximos da proibição. Nos lugares onde a legalização já é uma realidade, as pesquisas científicas têm chegado em lugares cada vez mais surpreendentes do uso dessa tecnologia ancestral.
Cada setor da indústria tem uma desculpa para não permitir que o cânhamo entre na jogada, mas a verdade é que os motivos para continuar essa proibição, mesclam os interesses gerais da indústria, às questões raciais, pois a população negra e indígena sempre foi a mais afetada por todo esse sistema de proibição e um toque de moralismo fundamentalista que tem base em idéias preconceituosas e ultrapassadas, pela associação direta do cânhamo com a maconha e de como ela é vista pela nossa sociedade.
A boa notícia é que o mundo todo está olhando para a maconha e estamos chegando no ponto em que a pressão seja pelo viés mercadológico, ou pelo ético, vai nos empurrar para reescrever uma nova história. Esperamos que o próximo capítulo se torne um futuro muito mais Bem Bolado pra contar com muito mais possibilidades do uso da nossa plantinha.
Referências:
https://www.ecycle.com.br/canhamo/
https://thegreenhub.com.br/bioplastico-de-canhamo/
https://wamaunderwear.com/blogs/news/hemp-vs-cotton
https://www.ecycle.com.br/tempo-de-decomposicao-do-plastico/